domingo, 17 de junho de 2012

Pelas Caldas da Rainha

Há poucos meses fui até às Caldas da Rainha. Cidade famosa pelas loiças, pelos atributos dos doces e pelas caldas/termas que lhe dão nome.
Esta visita inseriu-se num roteiro por algumas termas que estou a elaborar. Com poucas palavras quero dar-vos conhecimento das obras de remodelação da via que permite o acesso ao balneário novo e ao hospital termal, contudo continua sem ocupação e cada vez mais escurecido o complexo de pavilhões do parque.

O magnífico edifício dos pavilhões das termas, mandado construir por Rodrigo Berquó, cujo nome se inscreve numa placa, esverdeada pelos fungos, no meio do parque em memória do mentor do espaço. A sua construção iniciou-se em 1893 e no ano de 1897 as obras estavam na sua fase de conclusão.
A alta vegetação que torna o parque acolhedor e fresco também esconde um imóvel de tonalidades neutras. O edifício termal, de 4 andares e de 5 corpos, ao abandado, de portas fechadas, algumas janelas partidas, alguns vãos tapados, apenas se abre para os pombos que invadem o seu interior sem licença e sem respeito.
Uma rede veda todo o imóvel, numa tentativa de impedir a entrada aos curiosos, aos vândalos ou até mesmo aos interessados. O que ainda conservarão aquelas paredes?
Duas placas revelam a reutilização do imóvel, dizem-nos «Escola Superior de Educação e de Letras Polo de Caldas da Rainha» e «Escola Técnica e Empresarial do Oestes, Inaugurada pelo Exmo. Sr. Ministro da Educação Eng.º Roberto Artur da Luz Carneiro, 15 de Outubro de 1990». Depreendemos que este imóvel, ou parte dele, terá sido utilizada para funções educativas. Uma aposta aparentemente acertada, mas porque terá falhado ou terminado? Na verdade os pavilhões nunca cumpriram a sua verdadeira função, serviram antes para acolher refugiados, militares, escolas, bibliotecas, associações culturais e artísticas.

Atrás de tudo isto entramos numa nova dimensão. O balneário novo, construído em, de linhas neoclássico, de fachada simétrica e ordenada, pontuada por elementos de remate e decorativas de linhas clássicas, aberto e em funcionamento.

O hospital termal Rainha D. Leonor segue as linhas construtivas, e possibilita ao público a visita à piscina da Rainha. Esta área, aparentemente nova, encontra-se em obras de melhoria das vias e dos acessos deixando perceber o investimento, da Câmara Municipal nestes estabelecimentos e nesta área.

1487 Início da actividade do hospital termal.

1747-50 Obras de reconstrução e melhoramento do hospital termal, promovidas por D. João V, engenheiro Manuel da Maia e arquitecto Eugénio dos Santos.

1888- «O administrador Rodrigo Maria Berquó inicia o projeto de transformação do conjunto termal da sua autoria, nomeadamente: construção do parque D. Carlos I, Novo hospital D. Carlos I – Pavilhões do Parque e da nova casa dos administradores, ampliação dos edifícios do hospital termal e do clube de recreio e as obras de beneficência da casa real e da mata Rainha D. Leonor»

1940 Inauguração do balneário novo, em substituição da casa da convalescença, o seu autor foi o arquitecto Álvaro machado
1947-8 O parque d. Carlos sofreu obras de requalificação pelo Arq. paisagista Francisco Caldeira Cabral

Bibliografia: MAGORRINHA, Jorge, Pavilhões do Parque, Património e Termalismo nas Caldas da Rainha, Caldas da Rainha, Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, 1999.