domingo, 14 de novembro de 2010

Passeio pedestre no Gerês











Em Julho deste ano fui convidada (agradeço à Teresa pelo convite) para fazer um passeio, com um grupo de colegas pelo Gerês. Com um dia quente e agradável subimos o Gerês de carro e começamos uma longa caminhada.




O Gerês que mais conhecemos prende-se com a igreja de S. Bento e a zona turística junto ao rio. Proponho-vos fazer uma caminhada seguindo um bom guia (que foi o nosso caso, e aqui fica o meu agradecimento ao Vítor) ou seguindo as pistas pintadas em muitos dos rochedos que constituem a paisagem.






Passamos por cabras, por vacas, por cães, vimos cavalos selvagens e toda uma natureza que nos abraçou de forma calorosa. Importa respeitar o espaço onde estamos, e não interferir um os animais uma vez que muitos deles não andam orientados pelo homem.






A experiência foi óptima, o ar era puro, a terra quente e a rocha agreste, subir e descer pelas imponentes rochas foi um exercício a aperfeiçoar.






Recomendo esta aventura a todos o que gostem de natureza, pois ela traz nos a verdadeira paz. No final ainda podemos contemplar as quedas de água que o Gerês esconde, uma zona linda… deixo-vos com as imagens e boas caminhadas.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Introdução a Casas-museu


Uma casa-museu é um museu em primeiro lugar, mas tem algumas características que a destacam do museu convencional.


A primeira casa-museu que se conhece na Europa, a de Wagner, originou o desenvolvimento e a criação de muitas outras nomeadamente em Portugal com a casa de Camilo Castelo Branco (imagem).


Relativamente ao que se refere à memória pessoal e a todos os instrumentos que a envolvem, preenchem e dão personalidade, salientamos os bens móveis e imóveis que completam a casa- museu. Casa instrumento completa a memória da casa, faz dela parte e constituiu a sua personalidade.


Dentro de uma casa-museu é possível viver uma dualidade de perspectivas, é possível ver a casa como um museu aberto ao público com uma série de objectos expostos e dessa forma aprecia-se o respectivo espólio; ou ainda ver a casa como testemunho da vivência de uma figura impar e com significado especial. Em algumas casas-museu sobressai a acção do coleccionador e a vivência e a casa em si passam para segundo plano como acontece na casa-museu Anastácio Gonçalves e na Byssaia Barreto onde o espólio replete importância ao nível histórico-cultural.


Para além de um local de exposição e memória colectiva, as casas-museu, tem a importante função educativa, mostra as tendências arquitecturais da época, revela o tipo de decoração praticada, expoem pormenores íntimos da vida privada.


Bibliografia:

ARAUJO, Alexandra, «Casas-Museu em reflexão» in Boletim Trimestral da Rede Portuguesa de Museus, n.º12, Junho de 2004.

SOUSA, Élvio Melim, De Residência privada a Casa-Museu de Leal da Câmara, Um percurso singular, Sintra, 2005.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Medievalismo Vs. Contemporaneidade

Com todo o burburinho que vivemos por estes dias em que se fala de direitos humanos e liberdade de expressão, que ao que parece não estão totalmente recuperadas, lembrei-me de fazer um paralelismo com a nossa situação actual e com o que viviam os nossos antepassados.

Se na época medieval existia o senhorio (território onde um senhor exercia poder sobre a terra e sobre os homens) que pertencia ao rei, à nobreza ou ao clero; hoje em dia os grandes senhorios como a empresa PT também pertencem, em parte ao governo, e ele decide, indevidamente, sobre a vida e futuro de tantos homens e mulheres que lá trabalham.

A sociedade medieval dividia-se pelo rei, no topo, seguido do clero, da nobreza e por fim o povo. Nos nossos dias as coisas não estão muito diferentes, primeiro está o governo, o clero, seguido de Américo Amorim e Belmiro de Azevedo, depois o povo que se safa com as despesas e por fim os pobres.

Nos domínios senhorias, o senhor recolhia os direitos dominiais provenientes da exploração do solo pelos camponeses; hoje os nossos descontos aumentaram, mais uma vez, para pagar algum subsídio aos desocupados da nossa sociedade.

Há muitos séculos atrás o senhorio tinha o direito de vender primeiro a sua colheita agrícola e só depois os camponeses vendiam a sua (mas só aqueles que podiam, dado que em muitos casos era para consumo próprio); hoje a maçã de Moimenta da Beira é vendida, pronta e embalada, para uma grande superfície comercial a 0.10 cêntimos mas o povo compra-a a 0.40 cêntimos (valores aproximados).

Na idade medieval o povo, o que menos podia, pagava para entrar no domínio do senhor, pagava para usar o moinho e forno do senhor; hoje o povo, o que menos pode, tem que pagar portagens, parque de estacionamento no centro das cidades e impressos em serviços públicos.

Na sociedade medieval os poucos que escreviam, podiam registar alguns dados em pergaminhos e guardá-los nas bibliotecas das catedrais mais centrais, infelizmente em caso de incêndio perdia-se quase tudo; hoje, quase todos escrevem a computador, as repartições publicas informatizam tudo, quando se esquecem de fazer backups muitas informações se perdem e em dias que não há ligação à internet, simplesmente não funcionam.

O rei medieval centralizava em si todos os poderes: defesa, justiça, legislação e fiscalidade, o nosso governo centraliza no seu grupo de trabalho um ministro da defesa, justiça e fiscalidade, um ministro que é subordinado à voz e postura do seu subordinante.

Mas nem tudo são semelhanças, as diferenças também existem: na sociedade medieval nem todos sabiam escrever, poucos tinham acesso à instrução mas hoje os que não sabem podem aprender graças os novos, fantásticos e instrutivos centros de novas oportunidades.

As construções arquitectónicas eram robustas, fortes e sólidas, hoje no fim de algumas construções “é normal cair uma telha ou outra”.

Hoje um jornalista ou jornal que expressam declarações menos abonatórias com o poder, são afastados, são proibidos de publicar, são reprimidos de dizer a verdade.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Igreja Românica de Serzedelo


Localizada no concelho de Guimarães a igreja de Santa Cristina de Serzedelo é um belo exemplo de arquitectura românica.





Um edifício muito simples de construção cerrada e de poucas aberturas, com uma bela torre sineira. O seu interior apresenta quatro divisões sendo a primeira e a segunda a nave central embora tenham níveis diferentes, a terceira é a cabeceira que tem anexada a si uma capela de origem gótica.



O seu enquadramento geográfico sofreu um melhoramento considerável. À sua volta existe agora um espaço verde acolhedor e convidativo, com estacionamento organizado. Quando descemos para o átrio exterior um pormenor que salta aos olhos: no arco da porta de entrada podemos vislumbrar vários símbolos repetidos, como o que mostramos na imagem. Fica a dúvida da sua simbologia, caso alguém tenha conhecimento do que se trata faça o seu comentário para nos esclarecer.




Foi retirada a escada que permitia subir à torre sineira, impossibilitando assim mais actos de vandalismo ao nosso património.








À volta do edifico podemos encontrar um autentico museu ao ar livre, com vários túmulos, sendo que alguns deles apresentam um tratamento especial. Um deles tem um trato arredondado com ornamentos laterais suaves, que podem fazer a ligação ao percurso para o céu. Outro deles apresenta no cimo do túmulo uma espada esculpida, possivelmente pertenceu ao um cavaleiro medieval.




Fica o convite a todos os que visitarem Guimarães e o Norte do país não deixem de visitar a vila de Serzedelo.

sábado, 29 de maio de 2010

Mimo Rural

Na freguesia de Oliveira S. Mateus, no concelho de Vila Nova de Famalicão, existem 2 casas, na mesma rua, defronte uma para a outra e que me levam a fazer este comentário.


Para além desta proximidade o facto mais curioso refere-se ao gosto de ambas pela pintura mural. Os proprietários destas casas não são proprietários comuns, não pintam o muro de branco e findam o trabalho, eles são artistas dentro do seu meio.


A particularidade que destaca estas casas passa pela originalidade com que tratam os seus muros. Do lado esquerdo na rua vemos uma serie de folhas largas e de cor creme que preenchem todo o muro como se de uma trepadeira se tratasse. Entre os seus ramos alguns botões desenrolam e foram demarcados com uma voluta castanha que lhe confere uma graça especial. A cor destas folhas percorre toda a cara e restante muro, numa harmonia que só encontramos em alguns cantinhos escondidos de Portugal .



Na casa do lado direito temos, a ladear um portão, um vaso pintado donde nascem folhas amarelas e uma flor rosa claro de desenho muito particular. Ao contrário da "planta" trepadeira do outro lado da rua, nesta casa vemos que no muro foi desenhado um traço amarelo com sendo uma corda, onde ficam suspensas duas linhas de folhagens diferentes, uma nitidamente mais fina, com folhas menores e mais verdes, enquanto que a outra linha de folhagens se revela mais larga e com contorno amarelo. Do outro lado do portão também vemos pendente outra ramada de folhas ligeiramente diferente.


São curiosidades e pormenores existentes no nosso país que merecem ser divulgados, mostrados e admirados.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Casa da Galeria

No passado dia 15 de Maio inaugurou-se mais um espaço destinado à cultura e à arte: Casa da Galeria em Santo Tirso. Este espaço dedica-se sobretudo a conversas, momentos musicais, cafés filosóficos, exposições de artes plásticas, workshops. Leituras. Visitas guiadas e escrita crítica.

O edifício merece especial destaque pela bela adequação e recuperação. O projecto do arquitecto Márcio Paiva merece uma visita obrigatória. A fachada do edifício manteve-se, desta forma não sofremos um choque com um edifício novo, recuperado, contemporâneo mas que sobretudo não descaracteriza a rua.

Foi aberto um espaço muito agradável entre o corpo da fachada e o edifício novo. A luz torna-se portanto o elemento principal em todo o conjunto. Esta luz tenta ser. Na maior parte do espaço, de origem natural, este é respirável e sentida em cada canto, este aspecto torna o espaço interior bastante claro, luminoso e amplo.

As escadas que nos guiam aos andares superiores são de um desenho bastante singular que contrasta com as restantes linhas da sala de exposições (sala de entrada). Mas devo salientar que é um corte necessário para um novo ambiente.

O exterior do edifício é um conjunto de blocos encimados sobre si e abertos com grandes vãos progenitores de toda a luz que entra no espaço.

De visita obrigatória a todos que visitem o Norte do país.

site: www.casadagaleria.com

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dicionário Elementar de Liturgia‏

Publicado em 2007, pelas Edições Paulinas - "Dicionário Elementar de Liturgia", de José Aldazábal. Um dicionário muito útil e recheado de temas da história religiosa.

A todos os interessado deixo o link a baixo:

http://www.portal.ecclesia.pt/ecclesiaout/liturgia/liturgia_site/dicionario/

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Palácio do Freixo

O Palácio do Freixo, do século XVIII, é outro exemplo da obra do arquitecto Nicolau Nasoni, possivelmente a melhora e mais grandiosa obra deixada por ele. Este palácio foi encomendado pelo deão da Sé do Porto, grande amigo do arquitecto, por este facto se justifique a dedicação de Nasoni a esta obra incutindo nela toda a sua criatividade arquitectónica.



O desafio para esta construção foi ainda maior dado o desequilíbrio do terreno, estando consequentemente a construção dividida entre o declive do monte e a margem do rio Douro. A sua planta quadrangular encontra-se limitada por quatro torres salientes de telhados piramidais que destacam quatro fachadas diferentes. Em todas as fachadas abrem-se janelas e portadas ritmadas, originais e animadas com elementos decorativos.



Conseguiu juntar as várias vertentes que considera nos seus trabalhos, área habitacional e o jardim. A fachada virada para o Douro apresenta várias linhas horizontais, lineares, que dividem os terraços, andares, belvedere, varandas e terminando na balaustrada pontuada por jarras. O Palácio do Freixo é o último em que Nasoni consegue empregar o seu ambicioso projecto, onde introduz a típica planta italiana com quatro torres angulares.



É de realçar a adaptação que sofreu e a sua recuperação excepcional. Este património não morreu, ao contrário de outro espalhado por todo o país que morre todos os dias um pouco mais. Hoje este palácio é a Pousada do Porto, um local único de visita obrigatória.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Quinta da Prelada


Foi na época de D. João V que a arte barroca alcança o clímax no nosso país, esta prosperidade económica foi proporcionada pela riqueza que advinha do Brasil e pelo fomento manufactureiro que proporcionou o nascimento de fábricas ligadas, inclusive, às artes decorativas.
A urbanização e a paisagem nortenha permitem a criação de novos espaços cujo acesso se concretizava por maravilhosas escadarias. Desta forma, o jardim evolui de modo destacável a partir do século XVI e XVII. Estas áreas verdes tendem a multiplicar e a gerar espaços de acolhimento, convívio, confraternização e jogos.


Situada na circunvalação da cidade do Porto, atravessada pela Via de Cintura Interna, ladeada pelo conhecido Hospital da Prelada, temos o prazer de ainda contemplar a casa da Quinta da Prelada. Este corpo é representativo da grandiosidade que sublinhava todo o conjunto desta quinta. Hoje, todo o espaço, encontra-se dividido em três pólos distintos: a Casa Senhorial, o Hospital da Prelada e o Parque de Campismo da Prelada.


Mandada construir por D. António de Noronha Meneses Mesquita e Melo, enquadra-se no segundo quartel do século XVIII, possivelmente entre 1743 e 1758. Nicolau Nasoni foi o arquitecto, também denominado por pintor florentino e responsável pela obra. A casa e o restante da quinta manteve-se na família Noronha e Meneses até 1904, contudo, a falta de descendentes levou o proprietário a doar o espaço à Santa Casa da Misericórdia do Porto, sendo esta responsável por construir um Hospital, pedido explícito em testamento.
Sobre esta obra nasoniana o Padre Agostinho Rebelo da Costa revela-nos a sua admiração com as seguintes palavras «(…) majestosa em grandeza, obeliscos, jardins, cascatas, pirâmides, labirintos e um grande lago que rodeia uma casa acastelada que está no seu centro firmada sobre uma pequena ilha


Digna de se tornar um local público e abeto à visita de todos que admirem o património português, tanto nosso e tão rico.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Paço dos Henriques – Alcáçovas



Depois de assistir a uma notícia relativa a património português classificado e degradado, quase a cair, decidi investigar algo que, honestamente, não conhecia – O Paço dos Henriques, Alcáçovas.


Procurei na internet, e imagens quase não existem, procurei por termos em dicionário e enciclopédias e pouca informação recolhi, excluindo o contexto histórico que a ele deu origem.
Devo repetir o que li muitas vezes e que devemos salientar o Tratado de Alcáçovas foi o embrião do Tratado de Tordesilhas.


E imagens? Testemunho para guardar para o futuro? Pouco encontrei.
As imagens que anexam este artigo estão publicadas num outro blog, de um residente em Viana do Alentejo e que vê diariamente este património degradado, destruir-se mais um pouco todos os dias.

Mas coloca-se uma questão ainda mais importante: para quê classificar se não se preserva ou conserva?


Ter património único e tão invejado quando não se mostra, não se rentabiliza para poder conservar. Sim, já todos sabemos que o país está em crise e que não há dinheiro para muita coisa, então para o património e para a cultura é impensável gastar um cêntimo que seja. Mas é possível investir agora na conservação do edifício, recuperá-lo para não se perder, e publicitá-lo enquanto existe e não quando já for ruínas.
Possivelmente a minha ideia é muito básica ou idealista, mas dada a complicação e emaranhado de coisas pouco claras em que estamos envolvidos, mais vale ser prática, clara e positiva para que não se perca mais detalhes que formam a identidade portuguesa.


nota: imagens retiradas de http://porterrasdoalentejo-bruno.blogspot.com/2009_11_08_archive.html